Tecnologia Civil e Inovação: O Inesperado Apoio à Guerra – Um Alerta da ONU

2025-07-14
Tecnologia Civil e Inovação: O Inesperado Apoio à Guerra – Um Alerta da ONU
Rai News

A linha tênue entre a inovação tecnológica para uso civil e o seu aproveitamento para fins militares tem sido objeto de crescente preocupação. Um relatório recente da ONU, intitulado "Da Economia do Emprego à Economia do Genocídio", e elaborado pela relatora Francesca Albanese, lança luz sobre esta problemática, revelando ligações alarmantes entre empresas de armamento e o desenvolvimento de tecnologias originalmente concebidas para melhorar a vida das pessoas.

O relatório detalha como tecnologias desenvolvidas para setores como a saúde, a agricultura, a comunicação e até mesmo o entretenimento, estão a ser adaptadas e utilizadas para fins militares, muitas vezes com consequências devastadoras. A inteligência artificial, por exemplo, que promete revolucionar a medicina e a indústria, está a ser aplicada no desenvolvimento de armas autónomas e sistemas de vigilância de alta precisão. Da mesma forma, a tecnologia de drones, originalmente concebida para fins agrícolas e de monitorização ambiental, está a ser utilizada em operações militares, aumentando a letalidade e a imprevisibilidade dos conflitos.

Francesca Albanese argumenta que esta convergência entre tecnologia civil e militar não é apenas uma questão de adaptação tecnológica, mas sim um reflexo de um sistema económico que prioriza o lucro acima da segurança e do bem-estar humano. As empresas de armamento, impulsionadas pela busca incessante por lucros, estão a investir pesadamente em tecnologias civis, com o objetivo de as adaptar para fins militares e expandir o seu mercado.

O relatório destaca a importância de uma maior regulamentação da indústria de armamento e de um controlo mais rigoroso sobre a transferência de tecnologia para países em conflito. É crucial que os governos e as organizações internacionais tomem medidas para garantir que a inovação tecnológica seja utilizada para o bem comum, e não para alimentar a guerra e a violência.

A situação é particularmente preocupante no contexto da crescente sofisticação das armas e da sua proliferação. A utilização de tecnologias civis em fins militares aumenta a facilidade com que os grupos armados podem adquirir e utilizar armas avançadas, exacerbando os conflitos e a instabilidade global.

A relatora da ONU apela à comunidade internacional para que se una na luta contra a convergência entre tecnologia civil e militar, defendendo a necessidade de um novo paradigma económico que priorize a segurança humana e o desenvolvimento sustentável. A inovação tecnológica deve ser uma força para o progresso e a paz, e não um instrumento de guerra e destruição.

Este relatório serve como um alerta urgente para a necessidade de uma reflexão profunda sobre o papel da tecnologia na sociedade e sobre a responsabilidade dos governos, das empresas e dos cidadãos na garantia de que a inovação seja utilizada para construir um futuro mais justo e pacífico. A linha entre a inovação para o bem e a inovação para a guerra está a ficar cada vez mais ténue, e é imperativo que ajamos agora para evitar consequências desastrosas.

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